Company of One
Quando comecei a ler esse livro do Paul Jarvis, encontrei uma "nova forma" de ver o mundo dos negócios e do empreendedorismo. Coincidentemente, é muito similar a ideia de MicroSAAS.
Desde o momento em que comecei a ter mais autonomia no meu trabalho, após ter passado por muitas experiências, e pude tocar o desenvolvimento de um projeto de ponta a ponta, logo surgiu a vontade de empreender. Ideias, iniciativas, muito entusiasmo para fazer acontecer. Ao me aprofundar nesse novo mundo, logo me deparei com diversos assuntos que me faziam torcer o nariz; eu até compreendia as motivações dos argumentos, mas não concordava com eles. Isso rapidamente esfriou o ímpeto de empreender.
Temas comuns no meio do empreendedorismo, como terceirização, contratação, investimento e investidores, apareciam de todos os lados. Cada um com mais empolgação do que o outro. Muitas histórias, e estórias, de sucesso tornavam o meu jeito de ver um empreendimento cada vez mais distante do que realmente é empreender.
Unicórnios não são reais
Acredito que seja óbvio para todos que existem "empresas e empresas de sucesso". Eu sempre digo que sou meio burro, mas só meio. E por ser apenas "meio burro", algumas coisas nunca consegui engolir.
Empresas de sucesso que operam no vermelho. Empresas que nunca tiveram lucro, recebendo milhões em investimento. Empresas no vermelho, contratando gente e mais gente.
Okay, eu sei que há um jogo a ser jogado aí.
Existe uma "lógica" por trás dessa corrida por investimento e crescimento a todo custo. Mas a conta não fecha. Apesar de entender a lógica por trás, ainda assim não faz sentido para mim. Esse é um jogo que não estou disposto a jogar, não por grandes questões morais ou qualquer coisa do gênero. Apenas não faz sentido jogar um jogo em que não vejo lógica nas regras.
Então, o que resta a se fazer? Há outro jogo para se jogar?
MicroSAAS & Company of One
Aqui é onde dois mundos se casam e consigo ver um jogo no qual eu gostaria de jogar. O conceito das Companies of One não é exclusivamente "empresas de uma pessoa". Pode ser, mas não se limita a isso.
Nas palavras de Paul Jarvis:
"If you're a company of one, your mindset is to build your business around your life, not the other way around."
"Company of one is simply a business that questions growth."
"Company of one resists and questions some forms of traditional growth, not on principle, but because growth isn't always the most beneficial or financially viable more."
"So a company of one is not anti-growth, or anti-revenue, and it's not just a one-person business either."
"A company of one questions growth first and then resists it if there's a better, smarter way forward."
Logo se percebe que essa não é a mentalidade "padrão" do mercado. Porém no "mundo MicroSAAS" e indie hacker, eu encontrei exemplos reais disso. Pessoas, ou pequenos grupos de pessoas, se reunindo e criando produtos lucrativos desde o dia zero, sem investimento de terceiros.
Produtos reais, que resolvem problemas de pessoas e empresas de fato. Isso é incrível e inspirador!
Seja o sorvete de pistache
Companies of One, assim como donos de MicroSAAS/indie hackers, enfrentam muitos desafios. Falta de recursos como tempo e dinheiro, equipe reduzida, etc. Porém, há diversas vantagens em ser solo: agilidade para pensar, planejar e agir.
No livro, Paul Jarvis comenta que empresas desse estilo costumam surgir de pessoas que já dominam sua área de atuação. São essas pessoas, que já possuem um know-how na sua área, que conseguem se destacar. Mas não basta apenas ter condições de executar o trabalho necessário para construir um produto; é necessário comunicar-se de forma a se destacar dos demais no mercado. Por isso, a personalidade conta muito!
De nada adianta ser uma empresa pequena que se comporta como as demais empresas do mercado. É necessário diferenciar-se e imprimir a sua personalidade na comunicação da sua empresa para atrair a atenção do público. Caso contrário, você será apenas mais uma empresa pequena e chata no mercado.
"In an interview Sally did with Marie Forleo, she spoke about the tendency of large companies to be the vanilla ice cream of their market — they project a personality that's universally acceptable, but bland. For a company of one, being vanilla isn't going to allow you or your work to stand out. Companies of one have to be the pistachio ice cream of their market. For better or worse, people either absolutely love pistachio or can't stand its flavor and weird green color. For its loyal fans, pistachio ice cream stands out, demands attention, and charges a premium."
No livro há muito mais conteúdos realmente úteis para quem tem interesse em empreender. Principalmente se deseja criar algo solo, ou não tem o sonho de ter uma big corp para chamar de sua.